Estou convicto de que este não será, certamente, o momento mais feliz da minha (ainda) curta vida, mas sim um dos muitos que me tornam neste Ser Humano, com as suas qualidades e com os seus defeitos, capaz de amar, capaz de detestar…
Tudo começou quando eu me encontrava num autocarro que me conduziria, a mim e aos meus colegas, à respectiva aldeia onde vivíamos.
Numa das paragens de autocarro, entrou um simples rapaz, com os seus vinte e poucos anos de idade, trajava roupas muito largas, desbotadas e não muito propícias para aquela estação do ano.
Pelo seu aspecto e pelo seu passado, aos olhos desta atroz e inflexível Sociedade, era visto como um louco, incapaz, por isso, de fazer uma amizade, pura e verdadeira, incapaz de poder ter do seu lado alguém em quem pudesse confiar.
Sentou-se num banco à minha frente, ainda por ocupar. Recostou-se de modo a estar confortável, depois, pronunciou as suas primeiras palavras. Falava da vida, de sonhos realizados e por realizar. Falava dos fracassos do dia-a-dia, que nunca deveríamos desistir daquilo por que lutávamos, daquilo em que acreditávamos, seguindo sempre o caminho mais irrepreensível e sempre o nosso coração.
Dei-lhe a conhecer um pouco de mim, disse-lhe que gostava de rimar lá no cubículo (“Hip-Hop Tuga”), tentei mostrar o valor e a influência que este movimento tinha na minha vida e os meus projectos futuros dentro deste. Ele evidenciou conhecer uma das outras partes ligadas à cultura “Hip-Hop”, o “Beat Box” (para quem não saiba, tem como função produzir sons com a boca).
Toda a gente que naquele instante o ouviu, por breves segundos, mudou de opinião em relação a ele, mas quando a magia acabou e ele terminou, foi vítima de escárnio. Apesar de tudo, eu sugeri-lhe que continuasse, eu improvisaria. Assim aconteceu …
As pessoas repararam que existia ali uma harmonia simplesmente agradável, arriscarei mesmo a dizer, uma harmonia perfeita, que ali pairava.
Aqueles minutos em que, juntos, transformamos aquele lugar, onde, antes, em dias comuns havia melancolia e monotonia, num local agradável, onde todos aqueles que tinham feito pouco do “pobre” rapaz se renderam às evidências, ficaram paralisados, formatados, estupefactos, boquiabertos, estólidos, atordoados … Fomos felicitados! Até disseram que devíamos gravar um C.D.!
Foi simplesmente incrível, o auge da perfeição. Ainda hoje mantenho esse dia bem presente na minha mente, no meu pensamento. Nenhuma palavra do mundo seria capaz de dar a conhecer àquele pequeno amontoado de pessoas os meus sentimentos e os do meu “amigo”.
O homem forte cria os acontecimentos e o fraco suporta aqueles que o destino lhe impõe. Nós enfrentámos a vida. Hoje trabalhamos juntos, com a mesma finalidade, dar algo de bom a este movimento e, por conseguinte, gravar um C.D., como alguns gostariam, onde seria embutido o nosso reportório todo.
Uma das frases deste rapaz que mais me cativou foi: “Nunca desistas daquilo em que acreditas”. Eu e o meu “compincha” nunca desistiremos de lutar por tudo aquilo que a vida tem de bom para nos oferecer.
Aproveito para dizer, somente, que nem tudo é como parece, pois, o mais importante de cada Ser Humano é aquilo que fica por dizer …
Dany Cardoso, T.G.E.I. 1
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